Assunto de suma relevância, que, corriqueiramente, é discutido, pelo menos três vezes ao ano, diz respeito ao exame da ordem, condicionamento para o exercício da advocacia. Os índices de reprovação, cada vez mais, vêm aumentando, constatando uma verdade irrefutável, qual seja, a mercantilização dos Cursos Jurídicos, passa-se, então, a questionar quais os problemas das Instituições de Ensino Superior, que muitas vezes, não conseguem aprovar nenhum discente.
Quatro possibilidades são levantadas, baixo nível dos alunos, despreparo dos docentes, descompromisso das Instituições de Ensino Superior, que, muitas vezes, priorizam o lucro em detrimento de uma educação de qualidade, acresce-se, ainda, o surrealismo do próprio exame.
Acredita-se que não há uma resposta isolada, mas a confluência de diversos aspectos, todos influentes à decadência dos cursos jurídicos.
Emergem, a partir dos resultados do exame da ordem, discussões acerca de sua imprescindibilidade, ao ponto de, em sede de liminar, no exame 2010.3, o TRF da 5 Região impor a inscrição de dois bacharéis que impetraram Mandado de Segurança, arguindo, em síntese, o princípio da isonomia, na medida em que a advocacia é a única profissão que, para seu exercício, exige-se a prévia aprovação no exame da ordem.
Não entrando no mérito da questão, é de se destacar, com toda essa polêmica, que dois preconceitos caem por terra, percebe-se que, o maior índice de aprovação advém de Universidades Públicas, liberalmente consideradas obsoletas, falidas e desnecessárias, sobretudo, pela sua "alegada" ineficiência. Assim, dos 20 cursos com maior número de aprovados, 19 são públicos.
Outra pré-concepção refutada, diz respeito à inferioridade cultural dos nordestinos, é de se destacar que as Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Sergipe (UFS), estão no ranking da OAB, nas primeiras colocações, ou seja, seis das treze primeiras são nordestinas e públicas.
Dessa feita, é de se perceber a necessidade da reconstrução de paradigmas, corroborando para novas reflexões, em especial, para, apesar das adversidades existentes, a confirmação da excelência da educação superior pública, compromissada com o ensino, pesquisa e extensão, portanto, com a ciência, no sentido mais literal da palavra, bem como a afirmação da inexistência da inferioridade intelectual nordestina, que, cada vez mais, vem suplantando concepções prévias.
Por fim, por empréstimo se tomam as palavras de Aristóteles, para o qual: "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las".